Simples, sereno, equilibrado, ético, amigo. São muitos os adjetivos para definir o senador Garibaldi Alves, pai, agropecuarista por vocação e necessidade, político e gestor público por acaso, que está comemorando 90 anos de vida e o 52º aniversário do primeiro mandato conquistado nas urnas. Quem conhece sua trajetória política acrescenta outro adjetivo: conciliador. Para comemorar a data, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte entrega, nesta segunda-feira às 10 horas, a medalha do Mérito Legislativo José Augusto, maior honraria do parlamento estadual, criada para condecorar personalidades por relevantes contribuições à sociedade potiguar.
Ana SilvaGaribaldi Alves exerceu três mandatos eletivos na Assembleia Legislativa, foi vice-governador e agora está no Senado
A carreira política de Garibaldi começou em 1958 quando ficou na suplência, mas terminou assumindo o mandato de deputado estadual em 1961 em função da renúncia de Manoel de Brito, indicado para o Tribunal do Contas do Estado. Foi o mais votado na eleição de 1962 e se reelegeu em 1966. Era o líder do governo Monsenhor Walfredo Gurgel na Assembleia Legislativa quando foi cassado em 1969 por um ato de força do regime militar, o temido AI-5.
Numa época de paixões políticas à flor da pele, Garibaldi sobressaiu-se como conciliador e era visto como o ponto de equilíbrio entre a oposição e o governo do irmão Aluízio Alves. No primeiro mandato, ao tentar apartar uma briga entre os deputados Moacir Torres Duarte e Joaquim Carvalho Neto, terminou sendo atingido na perna por um tiro disparado das galerias.
Ferido, foi aconselhado a procurar o hospital do Ipase no Rio de Janeiro, então capital federal e um dos melhores do país. “O presidente Juscelino Kubitschek enviou um avião da FAB para transportá-lo até o Rio de Janeiro. Mas o avião teve um problema mecânico e foi obrigado a aterrissar em Recife. Como o problema só seria consertado em 48 horas, Garibaldi foi levado a um hospital daquela cidade. Os médicos disseram que o caso não era grave, que poderia ser tratado lá mesmo. Assim, ele não precisou ir ao Rio”, relembra o irmão Agnelo Alves, que o acompanhava naquela ocasião.
Anistia
Cassado em 1969 e com os direitos políticos suspensos por 10 anos, Garibaldi só voltaria a ocupar um cargo eletivo em 1987. Ele era vice na chapa vitoriosa de Geraldo Melo que disputou o governo do Estado no ano anterior. Depois disso, foi diretor do Serviço Social da Indústria (Sesi/RN) e diretor da extinta Telern, empresa de telecomunicação criada na década de 1960 pelo irmão Aluízio Alves. Compôs a chapa de Rosalba Ciarlini que disputou o Senado em 2006. Em janeiro de 2011 assumiu definitivamente o mandato de senador.
Ainda jovem começou a plantar algodão na região Central. Paralelamente, organizava os diretórios da União Democrática Nacional (UDN, criada em 1945) no interior para ajudar o irmão Aluízio Alves, eleito deputado federal na constituinte em 1946.
Bem-sucedido nas atividades agropastoris, comprou um aparelho de som, “um pick-up, muito requisitado para festas”, relembra o irmão Agnelo. Quem o conheceu naquela época acrescenta outro adjetivo a seu currículo: “pé-de-valsa”.