Há uma expectativa e apreensão de todos os carnavalescos angicanos quanto a questão se a Prefeitura Municipal de Angicos vai realizar ou não o carnaval 2014, a exemplo do que vinha ocorrendo há alguns anos atrás mesmo com problemas e dificuldades, o carnaval era realizado pela prefeitura. Falta pouco mais de um mês e até agora não se sabe se haverá ou não esse carnaval.
Mesmo não sendo folião e nem muito menos carnavalesco, já que este blogueiro não gosta e nem curte carnaval, através deste espaço democrático de opinião formada irei aqui expressar meu pensamento e reflexão sobre o assunto considerando alguns aspectos legais e racionais, e, quero deixar bem claro, sem nenhuma conotação do ponto de vista político-partidário.
O carnaval deste ano está envolto a uma questão de relevância social e requer dos cidadãos carnavalescos e foliões angicanos um pouco de consciência solidária. Como é de conhecimento tenho certeza que de todos (ou deveria ser) que, por conta de uma das maiores secas ocorridas em nosso querido Nordeste durante os anos de 2012, 2013 e já se estendendo para este ano 2014, a Governadora Rosalba Ciarline decretou Estado de Emergência, se não me engano, em mais de 140 municípios no Rio Grande do Norte, incluindo, inclusive, o município de Angicos. 
A escolha de incluir ou não o município nesse estado de emergência foi única e exclusivamente da Governadora, afinal o município é abastecido pelo maior reservatório de água do estado, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que atualmente esta considerada em estado critico por causa da escassez de chuvas e conta apenas com pouco mais de 34,81% de sua capacidade.
Com isso, criou-se uma espécie de barreira para os gestores. Os prefeitos ficaram impossibilitados, legalmente, de promoverem grandes eventos/festas patrocinados com dinheiro público quando, em seu município, milhares de pessoas, praticamente na zona rural, sofriam diariamente o drama da falta d´água para o consumo humano e animal.
O raciocínio era lógico e legal: se há um drama social, pessoas passando fome e sede por causa da seca, como é que o gestor vai gastar uma quantia bem considerável de recursos públicos com contratação de bandas, cantores, palcos e tantas outras despesas para promover shows?
Por conta disso é que o prefeito Júnior Batista (DEM) não realizou o Carnaval 2013 e nem a festa social do padroeiro São José  e nem a festa da emancipação política em outubro passado. Por conta disso é que outros prefeitos também não realizaram eventos dessa natureza em seus municípios, tudo por conta desse decreto, que a meu ver foi certo sim. A Governadora usou do seu poder, mas para o bem, pensando no melhor para atender os mais necessitados nesse período e não para apenas o oba oba de festas sociais que consomem rios de dinheiro dos cofres públicos.
Agora, vos digo, uma coisa: independentemente de que seja o gestor, neste caso especificamente aqui em Angicos, tanto faz o prefeito ser Júnior Batista ou mesmo que fosse Clemenceau Alves, a situação seria e é a mesma, nenhum dos dois poderia descumprir este decreto, uma vez que o MPE já encaminhou diversas recomendações aos gestores públicos. O Ministério Público Estadual recomenda a não realização de eventos como esses com dinheiro público, isso se o município estiver incluído na relação de estado de emergência. 
Com isso, a realização ou não do carnaval de Angicos, em 2014, repito, não é uma decisão pessoal do prefeito Júnior Batista. E repito também, nem que o prefeito fosse Clemenceau, Deusdete ou Ronaldo poderiam realizar a festa momesca.
Como já falei não sou folião. Mas defendo o carnaval sim. É uma festa popular e democrática, onde é um dos poucos momentos que o pobre tem oportunidade e o mesmo direito de lazer do rico. Porém, nas atuais circunstâncias, repito, é ilegal, imoral e grande falta de respeito, falta de espirito e solidariedade de nossa parte defender o carnaval em um dos piores inicio de ano de secas do Nordeste dos últimos 50 anos. 
É pra manter a tradição, dizem. Tradição? Tudo bem então vocês foliões e presidentes de blocos carnavalescos façam carnaval tradicional, que é o carnaval de rua mesmo, como antigamente, brinquem, pulem, divirtam-se. Todos embalados agora ao tradicional e mais moderna moda do momento que é o som de paredão, com músicas antigas ou novas, ou bandinhas, e pode-se pular o dia todo e emendar com a noite toda. Seria resgatar a tradição  tradicional e o modernismo ao mesmo tempo.
Para concluir: Defendo o carnaval sim, mas neste ano, por conta da seca e do estado de emergência em nosso Estado, o Poder Público não pode e nem deve promovê-lo em grandes eventos. Façam o carnaval de rua com paredões; quem sabe não seja diferente, simples, mas animado. Quem não quiser, procure outro lugar.
Portanto, deixemos de querer aproveitar a ocasião para transformar um momento tão sério e delicado em questões partidárias locais: não cabe a Júnior Batista, ou seja lá quem fosse, promover esse tipo de carnaval neste ano. Se ele vier a fazer, estará errando também. Se alguém quer transformar isso num palco eleitoral, que vá protestar e criticar da Governadora.

By Gilberto Rocha.
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