Do Valor
 
Em plena crise entre PMDB e PT na montagem dos palanques regionais, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), excluiu os petistas na montagem da chapa de seu partido para o governo do Rio Grande do Norte para abrir espaço para PSB e PSDB. A decisão, que vai ser consolidada neste fim de semana, deve acirrar ainda mais os ânimos na negociação da aliança nacional dos dois partidos.
Os petistas queriam indicar a deputada federal Fátima Bezerra ao Senado, em articulação que teria o PMDB na disputa pelo governo. Os pemedebistas ainda não definiram seu candidato, mas são grandes as chances de Alves encabeçar a chapa – os outros cotados são o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, que já disse que é a vez do presidente da Câmara concorrer, e o ex-senador Fernando Bezerra, que esta fora da política há oito anos.
Os pemedebistas conversaram com Fátima sobre a possibilidade de aliança por mais de um ano, mas, em janeiro, começaram a consultar os líderes do partido no Estado sobre quem eles preferiam na chapa para disputar o Senado e a resposta foi a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), atual vice-prefeita de Natal. “O PMDB é o maior partido do Rio Grande do Norte, e 90% dos prefeitos e vereadores disseram preferir a Wilma”, afirma Alves.
Fátima e Wilma aparecem empatadas tecnicamente na mais recente pesquisa para o Senado de intenção de voto, com 37% e 39%, respectivamente, feita pelo Instituto Consult. A pesquisa mostra também que Wilma seria franca favorita para o governo, disputa que o PSB quer que ela embarque para dar palanque para a candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), mas a que ela resiste. Procurada, ela afirmou que ainda discute o melhor cenário para fazer seu partido crescer.
A consulta do PMDB termina neste fim de semana, mas o PT já foi informado da maioria pró-PSB e está prestes a oficializar aliança com o vice-governador Robinson Faria (PSD) para o governo do Estado e Fátima para o Senado. “A gente entendia que a coligação com o PMDB era boa para a aliança nacional e que nossos projetos estaduais não conflitavam. Mas fomos excluídos porque o PMDB preferiu fazer um blocão com PSB, DEM e PSDB”, diz Fátima.
Para o presidente da Câmara, a posição do PT de só aceitar partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff na coligação é “muito radical”. “O PT teve uma posição sectária, enquanto estamos fazendo uma ampla coligação para ter força política suficiente para restabelecer o Estado, que está em situação financeira muito ruim”, diz. O PT também está rachado no Estado, afirma, e, embora a relação com Fátima seja boa, a atual direção atacou muito seu partido na campanha de 2010.
A cúpula do PT reclama que o presidente da Câmara vai abrir espaço para os candidatos presidenciais de oposição a Dilma em sua chapa. A ex-governadora Wilma vai fazer campanha para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o PSDB apoiará o senador Aécio Neves (MG) no espaço a que tiver direito. O DEM também deve compor a coligação, mas apenas na disputa para deputado e sem coligar diretamente com o PMDB.
Os petistas também criticam o discurso do PMDB, que reclama da falta de apoio do aliado aos candidatos pemedebistas nos Estados. “Não fomos nós que descartamos o PMDB no Rio Grande do Norte”, ironiza Fátima. Apesar do acirramento na relação nacional e de abrir a chapa para partidos da oposição, o presidente da Câmara diz que o fará campanha pela reeleição do atual governo. “O único radicalismo que vamos praticar é Dilma presidente da República e Michel [Temer, do PMDB] vice”, afirma.
O PT, por sua vez, lançou ontem candidato em mais um Estado em que negociava com o PMDB. Com apoio da ex-governadora Ana Júlia Carepa, a corrente petista Democracia Socialista fez ato em favor da candidatura do deputado federal Cláudio Puty (PT) ao governo do Pará em protesto à pressão do diretório nacional do partido e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a legenda apoie o filho do senador Jader Barbalho (PMDB), o ex-prefeito de Ananindeua Helder Barbalho.
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