O prefeito afastado de Uruburetama e médico, José Hilson de Paiva, preso suspeito de estuprar mulheres durante consultas ginecológicas, foi transferido para o sistema penitenciário do Ceará na manhã desta segunda-feira (29), por decisão do juiz da Vara de Execuções Penais.
Hilson estava detido na Delegacia de Capturas (Decap), em Fortaleza, desde 19 de julho, e foi transferido para a Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, em Aquiraz. A defesa do médico se manifestou afirmando que a transferência é o mais "adequado nesse momento".
"Essa unidade prisional inaugurada em 2016 é a destinada para presos idosos e portadores de alguma patologia. Muito embora consideremos desnecessária a medida prisional, a transferência de Hilson Paiva da Capturas para o Irmã Imelda soa mais adequado nesse momento", afirmou o advogado Leandro Vasques, que representa o prefeito afastado.
O médico foi indiciado por estupro de vulnerável. As denúncias feitas contra ele, que filmava as pacientes durante as consultas, dão conta de que os atos eram cometidos desde a década de 1980, em Uruburetama e Cruz.
O Fantástico exibiu reportagem, no último dia 14 de julho, em que seis mulheres denunciam o médico por estuprá-las e filmar os crimes. Profissionais da Associação Médica Brasileira analisaram as imagens e afirmaram que o caso se trata "claramente" de "estupro das pacientes".
Ameaça à investigação
A prisão preventiva de Hilson foi decretada pelo juiz de Uruburetama, José Cléber Moura. O Ministério Público do Ceará (MPCE) defende a prisão de Hilson, afirmando que, solto, ele seria capaz de "coagir, constranger, ameaçar e corromper" vítimas, atrapalhando a investigação.
Após a reportagem do Fantástico, outras 13 mulheres procuraram autoridades para denunciar o médico e prefeito afastado de Uruburetama.
Conforme relato das vítimas, durante os atos, José Hilson colocava a boca nos seios das vítimas sob pretexto de "extrair secreção" e as penetrava argumentando que precisava "desvirar o útero" das pacientes.
A Associação Cearense de Ginecologia também informou, em 16 de julho, que o médico não tem especialidade ginecológica, apesar de ter atuado por 30 anos na área.
'Vício'
Ao ser preso, o médico disse, em depoimento à polícia, que os estupros e as gravações dos atos se tornaram um "vício", segundo informou a Secretaria da Segurança Pública do Ceará (SSPDS).
A reportagem exibida pelo Fantástico foi feita com base em 63 vídeos a que
Segundo a delegada do município de Cruz, Joseanna Oliveira, o médico disse, ainda, que a prática virou fetiche há décadas e era um hobby fazer as gravações utilizando celulares e câmeras digitais.
Cumprindo mandado de busca e apreensão nas residências de José Hilson, em Uruburetama e Cruz, a polícia recolheu um vasto material, incluindo fichas de pacientes, históricos médicos, CDs com materiais arquivados, computadores, pen drives e outros dispositivos onde é possível armazenar fotos e vídeos.
G1CE