O caso repercutiu na cidade de cerca de 11 mil habitantes após o próprio estudante, que também é proprietário de uma academia, postar uma foto do momento em que era vacinado nas redes sociais. O rapaz é filho da vereadora Marineide de Terezinha (MDB).
Após tomar conhecimento do caso, a prefeitura de Acari disse que vai abrir uma sindicância para apurar o que ocorreu. O estudante confirmou à Inter TV Costa Branca que recebeu a vacina.
Em uma rede social, o estudante publicou um vídeo após a repercussão do caso e disse foi avisado num telefonema de que uma equipe iria na academia dele vaciná-lo e também um outro professor de educação física.
"Eu tinha dito que não ia tomar. Nada contra quem troca um rim por essa vacina, mas eu particularmente não queria tomar. Mas me ligaram", disse no vídeo.
Segundo Davyson, ele foi informado que essas doses eram remanescentes das destinadas à imunização dos quilombolas. O estudante de educação física ainda disse que é "praticamente linha de frente" no combate à Covid-19.
"Isso é dose remanescente que sobrou do pessoal quilombola e tudo mais. É coisa que ia jogar no lixo e o que é que tem? Vacinar uma pessoa praticamente da linha de frente. Porque, pra mim, quem exerce a função de profissional da educação física é linha de frente".
Davyson falou também que a equipe que aplicou a vacina exigiu identidade e CPF e ele não precisou apresentar nenhum diploma ou certificação. "Aí 'quando é fé', ficou esse moído, do povo invejoso... Meu amigo, espere, vai chegar a dose de vocês. Volto a falar. Eu não ia tomar. Me ligaram. Eu não tenho culpa. Se fazem um sorteio e diz que você ganhou um negócio, vai buscar ou deixar lá? E aí, o que vai fazer? Se coloquem no meu lugar", disse.
O secretário de Saúde Pública do município, Ítalo Medeiros, disse que pode ter ocorrido um erro de interpretação em uma norma técnica da campanha de imunização.
"À princípio, estou sendo orientado pela prefeitura a uma aferição dos fatos para verificar um possível erro. Inicialmente recebi a informação da equipe técnica de que foi uma interpretação de uma norma técnica. Então, esses dados serão avaliados pela equipe técnica da secretaria e tomaremos as devidas providências", disse o secretário.
A pasta disse abriu procedimento interno para investigar o que motivou a vacinação no estudante e em mais duas pessoas. Além disso, garantiu que nenhuma dose de vacina foi desprezada ou teve outro destino que não era para o grupo para o qual estava reservado.
O Conselho Regional de Educação Física da 16ª Região confirmou que o estudante não possui registro como profissional. O CREF disse ainda que não compactua com o uso da profissão para o benefício pessoal e repudia qualquer exercício da profissão sem o devido registro.
O Conselho afirmou ainda que, mesmo entendendo que a profissão é da área de saúde e deveria ser priorizada, orienta os profissionais a só buscarem imunização no momento indicado pelas autoridades.
G1RN