As condições de Segurança Pública na zona Norte da capital foram discutidas, na tarde desta terça-feira (10), no auditório da Assembleia Legislativa do RN. O propósito do encontro proposto pelo deputado Subtenente Eliabe (SDD) foi discutir os principais problemas e encontrar soluções, a fim de proporcionar mais segurança e bem-estar, tanto para a população daquela região quanto para os profissionais do setor. 

“Essa audiência foi construída após algumas reuniões com moradores e comerciantes da zona Norte. Uma delas, inclusive, contou com a presença do comandante do 4º Batalhão, Ten Cel Assis. A partir daí, nós construímos esse debate, que pretende discutir as condições de segurança na região”, iniciou o parlamentar.

Em seguida, o deputado enfatizou que os quase 400 mil habitantes da Zona Norte são praticamente metade da população da capital, criticando na sequência a falta de equilíbrio entre esse fato e os investimentos em políticas públicas para a região.

“Nós observamos infelizmente que, por mais empenho que tenham os profissionais de segurança, a população ainda não tem se sentido segura o suficiente. E isso acontece por quê? Porque o sacrifício encontra uma barreira enorme, que são as condições ruins de trabalho, no que diz respeito a viaturas e equipamentos, e o baixo efetivo. Além disso, os critérios de distribuição dessa estrutura e logística são desproporcionais. Nós temos dados da Secretaria de Segurança Pública que comprovam isso”, detalhou o Subtenente Eliabe. 

Primeiro membro da Mesa dos Trabalhos a discursar, o Tenente Coronel Carlos Souza, representante do CPC (Comando de Policiamento da Capital), garantiu que a Polícia Militar tem buscado todos os dias atender às necessidades da população natalense e do Estado como um todo.

“O governo pretende efetivar um novo batalhão na Zona Norte, devido ao número de ocorrências e tamanho da população, para ajudar o 4º Batalhão. Mas, enquanto isso não acontece, quero frisar que a PM não dorme, ela busca todos os dias dar o seu melhor para os cidadãos potiguares”, disse. 

O coronel falou também que a ideia é aplicar o exemplo de Mossoró, que hoje possui dois batalhões, dividindo a cidade em duas regiões. “A gente quer fazer uma base de estudo parecida com a de Mossoró. Com isso, iremos atender melhor as ocorrências e o patrulhamento nas ruas de Natal”, afirmou. 

Na sequência, o Subtenente Eliabe divulgou dados importantes e atuais a respeito do tema. “A Zona Norte possui 7 bairros, com seus inúmeros conjuntos e loteamentos, e conta com apenas 6 viaturas para atender suas demandas. Nos últimos 30 dias, por exemplo, houve 1.800 ocorrências na localidade, significando 60 por dia. Só para se ter uma ideia de comparação, neste momento, na avenida Afonso Pena, localizada na Zona Sul, existe a mesma estrutura que provê a segurança para a Zona Norte inteira”, revelou o deputado.

Ele acrescentou que isso é algo a se refletir pelos gestores. “Por que esse tratamento diferenciado, se as duas populações pagam os mesmos impostos? É por isso que o povo da ZN deve cobrar uma melhor gestão dos responsáveis pela Segurança Pública. A população tem que, no mínimo, cobrar. E tem que ser de forma permanente, devido à importância da região para a capital, com seu corredor turístico e o aeroporto de São Gonçalo”, questionou e encorajou o parlamentar. 

Continuando os pronunciamentos da Mesa, o comandante do 4º Batalhão da PM, localizado na Zona Norte de Natal, Tenente Coronel Assis, ressaltou a importância e a abnegação dos policiais da sua guarnição.
“Apesar das dificuldades, os PMs da Zona Norte saem às ruas todos os dias para proteger quase 400 mil habitantes. E eu garanto que eles dão o melhor de si, diuturnamente, embora não tenham as condições de trabalho ideais. O 4º Batalhão hoje é uma irmandade, é um time de policiais guerreiros, que vão para cima da criminalidade. Mesmo com as dificuldades, eles saem todos os dias com muita vontade de defender os cidadãos da ZN”, enfatizou o comandante. 

O coronel destacou ainda que o grupo tem conseguido reduzir alguns índices de criminalidade na região. 

“Ao longo do tempo, nós temos reduzido alguns números, como, por exemplo, os assaltos a ônibus e às pessoas nas ruas. Isso sem falar em outras ocorrências que temos evitado com a colocação das barreiras policiais”, finalizou, acrescentando que a chegada dos policiais advindos dos últimos concursos tem contribuído bastante para essas reduções. 

Já a delegada de Polícia Civil Sheila Freitas reforçou a importância de se discutir a Segurança Pública na Casa do Povo, além de frisar o esquecimento dos gestores com relação à Zona Norte de Natal. 

“A nossa ZN é muito esquecida por todos. Ela cresceu muito, é uma cidade dentro de Natal. E a violência é resultado disso, aliado ao descaso dos governantes com sua população. Na Polícia Civil, por exemplo, nós só temos a 12ª Delegacia de Polícia, 6ª DP e 13ª DP, além da Delegacia de Plantão e Delegacia de Apoio à Mulher. São apenas esses os equipamentos da PC que temos hoje lá. Nós já tivemos ‘Delegacia de Furtos e Roubos’ e ‘Deprov’, que não existem mais. E a gente sabe que quando a segurança está distanciada do bairro, infelizmente há um atrativo maior da criminalidade”, detalhou a delegada. 

Para a delegada Sheila Freitas, é preciso que outros componentes auxiliem o trabalho dos operadores de segurança, para que a população fique bem assistida.
“Nós temos que ter mais iluminação, bons calçamentos, melhor atendimento de saúde, de educação, de transporte, enfim, todo esse contexto é que vai fazer o cidadão se sentir mais seguro. Segurança Pública é isso: se não tiver todo mundo de mãos dadas, em prol do mesmo objetivo, não se chega a lugar nenhum”, concluiu.

Em seguida, o Pastor Renato, membro da Igreja Presbiteriana do Brasil, localizada na Zona Norte, destacou que o tema da insegurança é muito discutido entre os seus pares. 

“Esse assunto nos preocupa recorrentemente, porque vivemos essa realidade. E principalmente nós, que pregamos tanto a paz, não podemos nos conformar com essa situação. Por isso estamos aqui para somar forças com os governantes, as escolas, a sociedade civil e os policiais”, afirmou o pastor. 

A presidente da Associação dos Comerciantes e Empresários da ZN, Irene Adalgiza, externou sua vivência diária - e os relatos que escuta - sobre a insegurança nos bairros da região. 

“Eu tenho muito a dizer sobre a falta de segurança nos 7 bairros da Zona Norte. A nossa região é muito grande e nós sentimos na pele a falta de segurança nos nossos mais de 15 mil comércios e empresas. Eu ouço muitos relatos de assaltos, de falta de iluminação, ausência de sistema de câmeras, de ruas sem calçamento e saneamento. E esses são fatores que dão oportunidade aos meliantes e impedem nossas empresas de crescerem”, revelou Adalgiza. 

Complementando sua fala, a presidente da associação criticou a disparidade entre pagamento de impostos e apoio do Poder Público para as diferentes regiões da capital.
“Os nossos impostos são iguais aos das outras regiões, mas nós sofremos muito mais descaso. Mas nós não vamos deixar nos unir e lutar. Eu agradeço por essa iniciativa, e eu espero que ela surta efeitos concretos para a nossa população”, finalizou.

Último integrante da Mesa a se pronunciar, o Inspetor Bruno, integrante da Guarda Municipal de Natal, falou sobre as ações da instituição em prol da segurança da capital do Estado. 

“Nossa Guarda Municipal já atua há trinta anos na capital. Atualmente, nossa sede está localizada na Zona Norte, por escolha da prefeitura, e nós estamos reestruturando nosso quartel e montando um Centro de Formação. Estamos crescendo cada vez mais, para proporcionar um serviço cada vez melhor aos cidadãos”, iniciou o inspetor.

Segundo ele, o órgão realizou um zoneamento recente na capital e, devido ao fato de que a maior parte das ocorrências se concentra na Zona Norte, a equipe mais antiga e operacional foi deslocada para a localidade. 

“Então, hoje nós temos um ponto base permanente na área de lazer do Panatis, onde ficam nossas viaturas, e tentamos dividir os equipamentos de forma mais equilibrada. Nossos comandos estão mudando e estamos reagrupando todo o nosso aparato, com o intuito de melhorar a prestação do serviço em toda a capital. Lembro também que estamos presentes no serviço de ‘190’ e que nossos guardas estão cada vez mais nas ruas, tanto que nossas viaturas e armas têm evoluído bastante”, explicou o inspetor.

Ainda de acordo com o representante da Guarda Municipal, hoje, a instituição atende toda ocorrência com vulneráveis - adolescentes e crianças; além de acompanhar viaturas do SAMU em áreas críticas de segurança ou quando há transporte de paciente psiquiátrico. 

“Nós também possuímos a Ronda de Proteção Escolar (ROPE), atuando em 60 unidades de educação da ZN, o projeto social ‘Semente Cidadã’ e ainda a Patrulha Maria da Penha. Então, como vocês puderam perceber, nossos equipamentos estão muito voltados à Zona Norte e nós temos procurado melhorar cada vez mais nosso serviço prestado”, concluiu. 

Ao final da audiência, o deputado Subtenente Eliabe destacou requerimento que encaminhou ao Governo do Estado, pedindo esclarecimentos acerca dos critérios utilizados para distribuição do efetivo e viaturas policiais nas áreas de Natal e região, enfatizando a necessidade de redistribuição desses equipamentos, para que atendam todas as regiões de forma mais justa e igualitária. 

Participaram do evento lideranças comunitárias, de associações, das igrejas, representantes de projetos sociais, além de integrantes de órgãos de Segurança Pública, civis e militares.

 

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