Eudiane Macedo já havia colocado seu nome à disposição do PV para se candidatar à Prefeitura de Natal, logo após episódio que desagradou boa parte dos membros do PV, que foi a nomeação de José Clewton do Nascimento para o comando do Iphan no Rio Grande do Norte. A vaga havia sido prometida a Rivaldo Fernandes, membro histórico do PV no estado. A pré-candidatura de Eudiane Macedo, estando em uma federação com o PT, levaria a uma disputa interna no grupo que também conta com PT e PCdoB, já que a deputada federal Natália Bonavides (PT) já se colocou como pré-candidata à Prefeitura. A federação só pode ter um candidato à Prefeitura.
Na sessão de ontem, Eudiane disse não saber por qual motivo ocorreu a desfiliação do marido, que sempre foi responsável por coordenar e organizar suas campanhas para vereadora em Natal e depois deputada estadual no Rio Grande do Norte. Ela cobrou posicionamentos do presidente estadual do PV, vereador natalense Milklei Leite, e até mesmo do presidente do diretório municipal, ex-vereador Maurício Gurgel.
“Por ter sido pega de surpresa, tem situações que não dá pra gente. É importante que se manifestem, porque precisamos saber”, disse Eudiane. “Agora não sei qual é a intenção e o jogo político que está por atrás de toda essa situação”, continuou a deputada.
A parlamentar disse que o episódio vem chamando atenção de toda sua base política, inclusive em relação ao comportamento do vice-presidente estadual do PV, Edson Batista da Silva, que usou das redes sociais, segundo ela, “desesperadamente” e enviando mensagens para diversos blogs em Natal para comunicar a desfiliação de Tárcio Macedo, “porque quem manda no partido é ele”, depois dele ter questionado o fato de a filiação do marido vir de uma orientação da direção nacional do partido.
Eudiane Macedo disse que tem um perfil de diálogo e não se utiliza de redes sociais para o entendimento, razão pela qual exige respeito a ela e o marido. “Na minha vida prevalecem o diálogo e respeito, não jogo sujo e não permito que ninguém jogue sujo comigo, pelo contrário, exijo respeito do nosso partido”.
A parlamentar confirmou que o Tárcio Macedo pretende concorrer a um mandado de vereador em Natal nas eleições municipais de 2024, mas não soube dizer se isso está provocando ciumeira interna no PV e também nos demais partidos federados, já que o PT também tem dois vereadores que são candidatos à reeleição: Brisa Bracchi e Daniel Valença.
Em seu pronunciamento, ela disse que, da mesma forma que em 2022, o PV conseguiu eleger três deputados estaduais e o PT três pela Federação Brasil da Esperança, o PV que já tem um vereador juntamente com o PCdoB, também possa ter direito a eleger dois vereadores, da mesma forma que o PT que tem duas cadeiras na Câmara Municipal de Natal.
Para Eudiane Macedo, é natural que o marido concorra pelo PV. “Sou do PV e o ideal é vir para o partido do qual faço parte. Qual o problema de Tarcio Macedo ser filiado ao partido do qual faço parte?”, repetiu.
Segundo a deputada, tem de se pensar em nível partidário, crescer o PV no Rio Grande do Norte e em Natal, onde o PV já teve a segunda maior bancada de vereadores. “Só temos um vereador em Natal. Queremos a reeleição de Milklei Leite e trazer outros nomes para o PV, como foi possível fazer três deputados na Assembleia”, disse a deputada.
No entanto, a deputada Eudiane Macedo disse que hoje o PV tem dirigentes estaduais que “se mostram como ditadores”, porque não dialogam, embora reconheça que já em 2020, mesmo depois de aparar resistências ao seu nome, partiu do vereador Milklei Leite o convite para que ingressasse no Partido Verde.
“Quem me conhece sabe que não tenho um pingo de vaidade, porque se tivesse tinha exigido a presidência do PV no Rio Grande do Norte. Muito pelo contrário, não tenho tipo de vaidade, mas quero que o partido cresça no Estado e não é possível crescer com pessoas que pensam pequeno e em ter somente um mandato na CMN”, arguiu a deputada.
Federação
Como está em uma federação até 2026, o PV só poderá disputar eleições junto ao PT e PCdoB. Apesar de ter uma direção própria, a federação monta somente uma nominata para vereador e só poderá ter um candidato à Prefeitura. De forma direta, a disputa por vagas na Câmara Municipal dentre os candidatos da federação não será somente entre membros do PV, mas também do PT e PCdoB.
Historicamente, em Natal, o PT evitou fazer coligações em boa parte das disputas proporcionais, quando conseguiu ao longo dos anos eleger vereadores na capital. Em 2008, porém, quando houve uma ampla coligação em torno da candidatura de Fátima Bezerra para a Prefeitura, o PT participou de coligação com o PSB e não conseguiu eleger nenhum vereador de maneira direta.
Tribuna do Norte