Com apelo global, o projeto de pesquisa foi aprovado por três instituições de fomento à ciência, localizadas na União Europeia e Reino Unido e inseridas nos contextos de estudos do tipo fellowship e lectureship. Ao final, o estudo deverá resultar na criação de um observatório digital – ferramenta que contemplará tudo o que pode ser considerado dano social causado por más aplicações de IA ao redor do mundo.
Na prática, a ferramenta deverá funcionar como um portal de divulgação científica aberto a toda a sociedade. Uma vez criado, o Observatório servirá tanto de referência para outros trabalhos relacionados com IA como também de base para autoridades de diferentes países traçarem políticas públicas que realmente garantam a segurança e responsabilização por parte de empresas ou usuários da tecnologia.
“Exemplo disso é a desinformação nas redes sociais ou a própria falta de transparência de IA criadoras de conteúdo. Essas são situações discutidas mundialmente e a nossa proposta é estudar não apenas esses problemas, mas monitorá-los, entender suas limitações e propor soluções concretas para a falta de responsabilização da IA em diferentes contextos”, explica Leonardo Bezerra.
Parceria internacional
Por se tratar de um tema amplo, que abrange questões humanas, éticas e legislativas de todo o mundo, o docente também chama atenção para a necessidade do estudo receber apoio de instituições com forte atuação global no âmbito da IA. A intenção, segundo Leonardo Bezerra, é estar perto de pessoas que preparam as políticas públicas, para poder entender como esses dispositivos legais serão desenvolvidos ao longo dos próximos anos.
“Assim como na pandemia de Covid-19, que vinha em ondas, essas revoluções da IA também acontecem em ciclos. Então, uma vez que a gente esteja preparado para mitigar o risco envolvido com tudo isso, a gente consegue estar preparado para possíveis problemas relacionados com, por exemplo, precarização do trabalho, desemprego humano, questões de saúde pública, entre outras”, comenta Bezerra.
O projeto de pesquisa passou por mais de 20 processos seletivos estrangeiros e foi aprovado por três instituições. Todas essas estão inseridas em contextos de financiamento internacional, que pode ser oferecido por agências de fomento ou consórcios de pesquisa (fellowship) ou, ainda, por universidades (lectureships).
No contexto de fellowship, o estudo do professor Leonardo foi aprovado pelo Consórcio Europeu de Pesquisa em Informática e Matemática (ERCIM), o qual abrange instituições de pesquisa da Itália, Holanda, Alemanha, Portugal, Noruega, Suécia e Finlândia.
Já no âmbito das lectureships, o projeto foi aprovado pelas universidades de Westminster (Inglaterra) e Stirling (Escócia) – sendo esta uma das 50 principais instituições de ensino superior do Reino Unido, segundo o Guardian University Rankings 2022, e uma das 50 melhores do mundo segundo o Times Higher Education World University Rankings 2017.
Após as avaliações e trâmites na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Leonardo Bezerra deverá, neste mês, escolher uma das instituições para, até agosto deste ano, dar início ao estudo.
Apesar da candidatura individual, o docente também prevê a participação de outros membros na execução do projeto, especialmente pesquisadores docentes e membros de doutorado internacional, de modo a criar um grupo de atuação multidisciplinar e abrangente.