Antônio Antas, começou, seus estudos, no colégio Padre Félix, em Angicos, terminados os primeiros anos de estudo, sendo ele membro de uma tradicional família católica, logo cedo despertou a vocação sacerdotal e em 1930, ingressou no Seminário São Pedro, onde fez o seu curso ginasial.
Cursou Filosofia e Teologia no seminário de Prainha, em Fortaleza, Foi Tonsurado em 29 de maio de 1938, as primeiras ordens menores em 26 de abril, as segundas ordens a 03 de dezembro de 1939, na igreja do Pequeno Grande e na capela do seminário, e foi sub diácono em 29 de março de 1941, estas ordens lhe foram ministradas pelo arcebispo Dom Manuel da Silva Gomes. Já em Natal, Dom Marcelino, lhe fez diácono em 07 de setembro e presbítero em 26 de outubro de 1941.
Já no dia seguinte a sua ordenação, celebrou sua primeira missa na Capela do Seminário São Pedro. Sua missa solene foi celebrada em 28 de outubro de 1941 em Pedro Avelino, sua terra Natal.
“Sou um padre celebrento”, costumava afirmar nos corredores do Seminário São Pedro, em Natal, onde o conhecemos. Essa assertiva revelava seu amor e devoção à Eucaristia. Discípulo de Dom Manuel Tavares de Araújo, dele aprendeu o zelo das coisas sagradas. “Zelus domus tuae comedit me” (Sl 68, 10).
Dom Tavares, na década de 1950, quando regressava a Angicos, após a reunião do clero (que acontecia mensalmente no Centro de Treinamento de Ponta Negra), embarcava no trem, partindo de Natal, às três horas da manhã. Antes, porém, celebrava a sua missa cotidiana, tendo como acólito algum seminarista, oriundo de sua paróquia. Em geral, nosso arcebispo emérito, Dom Matias Patrício de Macedo, o acolitava, no silêncio da noite.
À época, não havia concelebração eucarística. Por tal motivo, padre Antas rezava a sua missa separadamente. Inexistindo seminaristas de Pedro Avelino, ele chamava-nos frequentemente para acolitá-lo. Com que unção e piedade celebrava! No final da cerimônia, entoava o “Ave Maris Stella” ou o hino de Bom Jesus dos Navegantes. Isto faz aflorar à mente o pensamento de Cônego Monte (de quem fora aluno): “O homem sem a eucaristia é pequeno demais para o céu. Com ela, grande demais para a terra”. Demonstrava com sua postura sacerdotal que a Eucaristia é o ápice da vida cristã, como afirmava São João Paulo II, na encíclica “Ecclesia de Eucharistia”.
Músico de talento, por dom e vocação, tocava cerca de dez instrumentos: de sopro, corda ou teclado. Transmitia aos paroquianos o amor pela música, como dádiva divina e eco celestial, na terra dos homens. O hinário das igrejas cita-o como o autor de dezenas de composições. Padre Antas destaca-se pela poesia e teologia de suas letras, assim como pela harmonia e musicalidade. Costumava dizer que uma bela música é “aceno de Deus”.
Seu empenho e dedicação total ao sacerdócio foram corroendo paulatinamente sua saúde. Por conseguinte, viajou até São Paulo e Belo Horizonte para tratamento especializado, lá permanecendo durante dois anos. Aproveitou para meditar, estudar e compor. Em sua enfermidade, repetia a frase do profeta Isaías: “Os meus caminhos não são os vossos caminhos. E meus desígnios não são os vossos” (Is 55,8). Voltando à diocese de origem, recomeçou sua missão de presbítero, músico e educador.
Fundou uma escola de tempo integral, mantida por ele e seus paroquianos. Entendia que o mestre deve dedicar-se inteiramente aos alunos. Pela manhã ministrava aulas de diversas disciplinas. À tarde, oferecia cursos profissionalizantes, de cultura religiosa, liturgia e civismo.
Quando lhe perguntavam por que tanta dedicação a seus alunos, respondia com palavras teológicas: “São filhos de Deus, meus irmãos. Não os quero delinquentes, mas cidadãos de bem para a grandeza da Pátria e louvor ao meu Deus”. E arrematava de forma evangélica: “Devo partilhar com meus irmãos o que recebi de Deus”. Em verdade, seguia o conselho do Mestre aos apóstolos: “Recebestes de graça, dai de graça” (Mt 10, 18).
Padre Antas primou por sua vocação religiosa, pelo talento musical, sobretudo pelo amor ao próximo. Nosso homenageado era eclético: conhecia latim, grego, hebraico, francês, italiano, inglês, português, literatura, pedagogia, mecânica e, especialmente, a música em suas dimensões e nuances.
Sua obra literária voltava-se para versos e hinos musicados por ele mesmo. São bastante conhecidos: o Caboclo Nordestino, a Casa da Fazenda, os hinos de Bom Jesus dos Navegantes (padroeiro de Touros), de São Paulo Apóstolo (patrono de sua paróquia) e o do município de Pedro Avelino, seu torrão natal.
Sua primeira nomeação aconteceu no dia 15 de novembro de 1941, Coadjuntor do Cônego Pedro Braulino, em São José do Mipimbú. Em 1º de janeiro do ano de 1942 foi nomeado vigário de São Gonçalo, e em dezembro de 1943, vigário de São Rafael.
Em 1944 coadjuntor de Angicos, já de 1945 a 1947, foi vigário de Touros e Taipú. Entre os anos de 1947 e 1949, passou por um tratamento de saúde em São Paulo e Belo Horizonte.
Recebeu convite para ser capelão militar no Rio de Janeiro, no entanto, na ocasião da emancipação política do município, veio ser vigário da nova paróquia. Sendo nomeado vigário de Pedro Avelino em 17 de abril de 1952. Foi justamente na sua terra, onde pode desenvolver o seu sacerdócio: cuidando das almas, cuidando da educação do povo e preparando gerações.
Em 1966, celebrando as bodas de prata, recebeu o título de CÔNEGO, isso no mês de outubro. O eterno Cônego Antônio Antas, se foi no fatídico acidente automobilístico no dia 18 de outubro de 1975, aos 57 anos de idade, e com 34 de vida sacerdotal.
Em sua homenagem temos a praça Cônego Antas, localizada na frente da igreja matriz e a Escola Municipal Cônego Antas, o eterno sacerdote está sepultado no altar da Igreja Matriz de São Paulo Apóstolo em Pedro Avelino.
Sua obra social foi muito abrangente: cuidava da velhice, da infância e da adolescência. Abria espaço para os jovens pobres se projetarem sem cobrar nada, somente pelo seu apostolado.
Algumas de suas composições estão imortalizadas nas vozes dos irmãos Raimundo e Tica Flor, que, em suas apresentações, manifestam sua gratidão ao grande sacerdote, tragado pela morte, aos 57 anos de existência terrena.
No céu canta as glórias do Senhor com Monsenhor Antônio Barros, seu colega de ordenação, com solo de Dom Nivaldo Monte, seu amigo e santo bispo da Igreja de Cristo.
*** Com informações de: Marcos Calaça, Jornal informativo do JS, 3ª edição, professor Bosco e do padre João Medeiros Filho.